Se até bem pouco tempo o vinho reinava absoluto em mesas sofisticadas, as cervejas especiais passaram a disputar espaço com cada vez mais intensidade. E com vantagens sobre a bebida de Baco: a carbonatação da cerveja ajuda a limpar e ativar as papilas gustativas e, com isso, acentua os sabores dos pratos; o amargor do lúpulo é um estimulante ao apetite e ainda auxilia na redução da camada de gordura que se forma na boca. E talvez a maior de todas elas seja a grande variedade de aromas e sabores que favorecem a harmonização com as diferentes receitas. Entre estilos e subestilos, são mais de 180 opções de cervejas.
E tem crescido constantemente o número de marcas e estilos; além disso, importadoras passaram a abastecer bares e armazéns especializados, e os restaurantes criaram receitas com e para acompanhar as cervejas artesanais. É preciso, no entanto, muito cuidado para que a ascensão da bebida dos bares aos botecos e restaurantes chiques ou jantares gastronômicos não forme, como aconteceu com o vinho, os bierchatos ou cervechatos, os esnobes que ficam exibindo conhecimento. Cerveja é descontraída e, como tal, deve ser prazerosa.
É claro que conhecer mais sobre as características de cada uma delas ajuda a tirar mais prazer da bebida. Passar a degustar em lugar de simplesmente beber é uma arte em expansão. E, como em tudo, o importante é experimentar, experimentar e experimentar.
Como degustar
Pelo menos quatro dos cinco sentidos são importantes quando o assunto é degustação. Primeiro, a visão: observar, analisar a cor, se é límpida ou turva, abre o apetite e ativa as papilas gustativas. O tato permite sentir a temperatura. Certas cervejas, como as Lagers, descem melhor quando geladas. Outras pedem temperaturas mais altas. O olfato vem a seguir nessa jornada de descobertas, permitindo a percepção das chamadas notas, que podem ser de especiarias, frutas, cítricos e outras tantas. Essa pode ser a parte mais difícil para o degustador iniciante, mas com o tempo melhora.
Aí chega a vez do sentido mais agradável: o paladar. Primeiro, é preciso se controlar e dar apenas um gole e analisar o que sente. É doce? Amarga? Qual o impacto do malte? A seguir, é hora, enfim, de engolir. O final é curto ou longo? O sabor do lúpulo permanece? Tá bem, não quer deixar a audição de lado. Então, ouça como o líquido cai no copo, revirando-se e formando o colarinho de espuma tão apreciado. Parece bobagem, frescura até, mas com a prática e a formação de uma memória gustativa muda a forma de apreciar a bebida.