O mundo do vinho, até pouco tempo, era envolto em rituais, regras e sofisticações. Era considerado status entender de vinhos, muitas vezes deixando de lado o mais importante: o prazer de beber. É claro que levar em conta alguns fatores pode contribuir para um melhor aproveitamento das qualidades da bebida. Sem esquecer jamais, no entanto, que o primordial é o gosto pessoal.
Entender algumas características dos vinhos pode auxiliar na hora de escolher o que beber e com o que harmonizar.
Acidez
Todo vinho tem uma acidez natural, é como uma sensação de agulhadas que pode ser percebida nas laterais da língua. Pratos ácidos harmonizam bem com vinhos que também apresentem acidez. Receitas ricas, salgadas, cremosas, picantes, gordurosas ou com um pouco de especiarias podem ser refrescadas pelo vinho mais ácido. Costumam fazer boa companhia a receitas da cozinha oriental.
Tanino
O tanino é conferido pela casca e pelo caroço da uva e ajuda a melhorar a cor, a textura e a estrutura do vinho. Pode ser percebido como amargo ou seco na parte de trás da língua. Desperta sensações de rude e áspero, ou sedoso e macio. É um dos melhores recursos para harmonizar com pratos gordurosos e suculentos. Algumas vezes os vinhos ricos em taninos são difíceis de serem bebidos sozinhos, mas fazem boa companhia a carnes e massas.
Evite servir com alimentos amargos, com muito sal, ácidos ou com peixes e crustáceos. Carnes bem passadas têm o amargor acentuado pelos taninos, da mesma forma que eles acentuam o ardor dos pratos apimentados e ressaltam em demasia o sabor dos defumados.
Doçura
Comidas doces exigem vinhos de iguais proporções de açúcar. Por este motivo, as escolhas geralmente recaem nos vinhos típicos de sobremesa, como Porto e Sauternes, e espumantes demi-sec e Moscatel.
Temperatura
A temperatura, tanto da comida como do vinho, são importantes para uma boa harmonização. Ela pode alterar o sabor do vinho: os taninos ficam mais amargos e agressivos se a bebida estiver muito gelada, em contrapartida, os vinhos doces ficam mais saborosos quando gelados. São tantos os fatores que os experts recomendam que sejam levados em conta que até podem assustar. Mas não desanime. O mais importante é experimentar, experimentar e experimentar.
Dicas
Para começar, pode seguir algumas indicações que costumam funcionar para a maioria das pessoas.
Bacalhau
Os vinhos brancos mais leves e refrescantes normalmente são dominados pela intensidade do bacalhau, enquanto os taninos dos tintos mais encorpados travarão batalha sem vencedores contra o sal do peixe. O ideal é escolher o vinho de acordo com o tipo de cozimento do bacalhau.
Se for fervido ou no vapor, o que permite perceber o sabor natural do peixe, escolha um vinho suave e leve. Se frito ou salteado, o azeite ou a manteiga vão interferir no sabor, então, fique com vinhos um pouco mais complexos, como os Merlot que passam por carvalho. O grelhado ganha um sabor defumado e combina também com os Merlot. No caso do assado, que a gordura envolve o peixe, os tintos jovens com pouco tanino são perfeitos. Já o ensopado, exige atenção em relação ao molho: os mais untuosos pedem vinhos mais complexos e encorpados, enquanto os mais magros, como os de tomate, combinam melhor com vinhos mais leves.
Carne de panela
A combinação de carne vermelha com Cabernet Sauvignon é clássica. O molho grosso e repleto de sabor umami realça as notas frutadas do vinho.
Cogumelos
Os sabores terrosos dos cogumelos frescos e trufas pedem vinhos geralmente de corpo mais leve, mas com profundidade de sabores. O Pinot Noir, com aromas que fazem referência aos mesmos sabores terrosos, como florestas úmidas e fungos, é uma boa opção.