A cada nova viagem pelo Brasil, aumenta minha convicção de que nós, brasileiros, precisamos conhecer melhor nosso país. Esse conhecimento, com certeza, fará crescer o orgulho por nossa cultura e tradições. É claro que é importante considerar alguns fatores que dificultam o interesse pelo turismo interno: as distâncias são longas, as passagens aéreas são caras, os preços de hospedagem e alimentação são altos. Viajar para a Amazônia é mais caro do que ir a Miami.
Isso precisar mudar. E não adianta os governos estaduais apenas publicarem anúncios mostrando as belezas naturais brasileiras. O que precisamos é de uma mudança nos preços. É o incentivo para que os turistas locais, e não só os estrangeiros, conheçam a imensidão de atrações que temos a oferecer. A começar por nosso cozinha.
Os chefs internacionais já descobriram o valor dos ingredientes e da tradição culinária brasileira. Não é à toa, que eles têm vindo cada vez com mais frequência ao país. Alguns conhecem muito bem a Amazônia, enquanto a maioria de nós nem cogita inclui-la em roteiros de férias. Não sabem que uma ida a Belém para o Festival Ver-o-Peso é capaz de mudar a maneira de verem a mesa nacional.
É urgente que conheçamos e passemos a valorizar o tucunaré, o pirarucu, o filhote, tanto quanto o foie gras. É importante que provemos e aprovemos as frutas típicas de cada região, como o jambo, a jaca, a mangada, o cacau, o bacuri, o cupuaçu. Enquanto importamos queijos franceses e italianos, os chefs vêm em busca do queijo de Marajó e do Serra da Canastra. Enquanto o brasileiro prefere a vodca, os estrangeiros se encantam coma cachaça e a caipirinha. É claro que precisamos de mais técnica, de mais de um Alex Atala para levar a bandeira de nossa gastronomia. Mas, primeiro, precisamos ter orgulho do Brasil e dessa cozinha tão plural, como é a brasileira.